Um overview das pautas que movimentaram a economia e os mercados no mês de maio, os desdobramentos da guerra comercial EUA x China que refletiram no desempenho das bolsas ao redor do mundo e decisões de juros que estarão no radar dos investidores nas próximas semanas
🌐 Giro pelos mercados globais
🇺🇸 EUA
Nos Estados Unidos, o S&P 500 encerrou a semana com alta de 1,88% aos 5.911,69 pontos, mantendo-se estável nesta sexta-feira. No mês, o principal índice de ações americano acumulou alta de 6,15% – o melhor mês desde novembro de 2023. O Nasdaq 100 fechou em 21.340,99 pontos, recuando 0,11% no dia, porém avançou 2,03% na semana e encerrou o mês de maio com alta expressiva de 9,04%. Já o Dow Jones subiu 0,13%, a 42.270,07 pontos na sessão e encerrou o mês com os ativos da cesta se valorizando 3,94%.
O Fed Beige Book, divulgado na última quarta-feira, 28, apontou crescimento econômico moderado com pressões salariais persistentes. A autoridade monetária sinaliza cautela na política monetária, ainda tentando equilibrar o controle inflacionário com a manutenção dos postos de trabalho. O yield do Treasury de 10 anos caiu para 4,398%, aliviando ligeiramente a curva de juros. O recuo nos rendimentos ocorrem em meio à receios acerca do aumento da dívida americana e estabilidade econômica.
Nos bastidores, fontes disseram que Trump foi alertado em reunião a portas fechadas com Scott Bessent, um dos membros de sua equipe econômica, para uma quebra de confiança eminente com alteração da dinâmica de reservas globais. O alerta teria feito o governo recuar parcialmente com medidas tarifárias impostas. Trump também teria recebido ligações de dirigentes de grandes bancos com reportando “movimentações atípicas” de capital estrangeiro, lideradas por Japão e China. Atualmente, Japão e China são os dois maiores detentores estrangeiros de títulos da dívida americana.
🇪🇺 Zona do Euro
Na Europa, o Euro STOXX 600 avançou 0,14% nesta sexta, encerrando a semana com uma valorização de 0,65% aos 548,68 pontos. No mês, o principal índice da zona do euro acumulou alta de 4,02%. O FTSE 100 da bolsa de Londres encerrou a semana praticamente estável e acelerou 3,53% no mês. Os dados preliminares de maio mostraram inflação em 2,1% na Alemanha, 1,9% na Espanha e 1,7% na Itália, reforçando o cenário de desinflação na zona do euro﹣o que deve antecipar cortes pelo BCE, que atualmente mantém o “depo rate” em 2,25%.
O PIB alemão revisado e ajustado do 1T25, divulgado no último dia 23, ficou estagnado em relação ao mesmo período do ano anterior. O dado apresentou avanço de 0,4% na base trimestral, em linha com a expectativa, mas mantém a previsão de desempenho fraco para 2025. A economia alemã deve encolher pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com previsões econômicas. A Alemanha, maior economia da zona do euro, tem como principal parceiro econômico os EUA e deve ser impactada pelas tarifas impostas. Os rendimentos dos Bonds de 10 anos se mantiveram em torno de 2,502%, sustentados pelo status de “porto-seguro” alemão, em meio às oscilações do mercado americano.
💹 Ásia
No mercado asiático, o Nikkei 225 caiu 1,22%, fechando em 37.965,10 pontos, pressionado pela decisão de reincluir tarifas aduaneiras dos EUA. O MSCI Ásia-Pacífico ex-Japão recuou 1,30%, com destaque para o Hang Seng em queda de 1,20% e o KOSPI cedendo 0,84% devido à incerteza ligada à guerra comercial. As tensões globais ofuscaram um Caixin PMI de serviços ligeiramente acima do esperado em maio. No acumulado mensal, entretanto, os principais índices asiáticos acumularam altas superiores a 5%, seguindo o ritmo de recuperação em “V” após o anúncio do “tarifaço” dos EUA, com o mercado digerindo e mensurando o real impacto.
🌏 Commodities oscilam com estoques, guerra comercial e OPEP
Nas commodities, o Brent oscilou próximo a US$ 62,61, com queda de 0,27%, enquanto o WTI fechou a US$ 60,75 – abaixo de US$ 63,20, nível de suporte crítico. A guerra comercial entre EUA e China, a pressão de estoques americanos elevados e incertezas sobre demanda chinesa contribuíram para o recuo dos preços do barril. Adicionalmente, a OPEP+ manteve inalterados os níveis de produção até dezembro de 2026, fixados em 39,725 mbd. Outras commodities também recuaram na sessão, com o ouro recuando 0,84%, cotado a US$ 3.288,90/oz, enquanto o cobre caiu 0,17%, negociado a US$ 859,90/ton. No mês, as commodities metálicas fecharam em alta, a exceção do minério de ferro que segue em tendência baixista. O destaque foi a platina, que valorizou quase 9%, mas segue em range lateralizado desde dezembro de 2022.
🪙 Dólar ganha força, mas emergentes escapam
No câmbio, o Dólar Index (DXY) se firmou perto de 103 pontos, refletindo juros americanos ainda em patamares elevados. O par EUR/USD recuou 0,24%, fechando a 1,1345, impactado por perspectivas de cortes de juros pelo BCE. Na contramão de outros emergentes, o real brasileiro e a lira turca se desvalorizaram frente ao dólar no acumulado mensal. A divisa brasileira passou de R$ 5,6740 para R$ 5,7302, impactada pela crise fiscal. Por outro lado, o câmbio e a guerra comercial favorecem as exportações e o Brasil figurando como alternativa de abastecimento para a China. Ainda assim, a balança comercial teve saldo negativo pelo terceiro trimestre consecutivo, com déficit de R$ 34,5 bilhões.
🇧🇷 Cenário doméstico ainda preocupa, mas bolsa segue “barata”
No Brasil, o Ibovespa caiu 1,09%, a 137.026 pontos, penalizado pela correção em ações de commodities após bom desempenho recente e pela mudança de perspectiva da Moody’s, que revisou o outlook do país de “positivo” para “estável”. O PIB do 1º trimestre de 2025 cresceu 1,4%, segundo dados do IBGE, em linha com as previsões, mas o cenário de juros permanece preocupando o mercado. O agro foi destaque positivo, com crescimento 12,2% com relação ao mesmo período de 2024. Contudo, a expectativa de inflação acima do teto da meta, dados de emprego e política fiscal afastam possibilidades de corte de juros. Estes fatores somados aos desencontros de informação por parte do governo mantêm a volatilidade em patamares elevados.
Analistas de diversas instituições avaliam a bolsa brasileira como “barata”, mas o horizonte de investimento deve mirar as eleições de 2026. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já afirmou não haver condições que favoreçam o corte de juros antecipadamente.
🔎 Overview: Juros estarão no centro das atenções
Em resumo, a semana global terminou com viés de cautela com recompras parciais após o “susto” do “tarifaço” de Trump, com empresas avaliando e divulgando os reais impactos das medidas. Nos EUA, o Fed monitora pressões de preço e emprego para a próxima decisão de juros. Já na Europa, a desinflação dá trégua ao BCE antes de possíveis cortes. A política monetária mais “dovish” poderia amenizar o cenário de desaceleração econômica previsto para 2025 na Europa. Na Ásia, tarifas e inflação local ditam o ritmo, enquanto no Brasil, a crise fiscal e o crédito continuam no radar dos investidores. Para a próxima semana, o foco será nos discursos de dirigentes do Fed, na decisão de juros do BCE e nos PMIs de maio. Decisões de corte podem redirecionar alocações aos mercados emergentes e mexer com a dinâmica dos portfólios de investimento.
Performance das bolsas após o anúncio das tarifas do governo Trump

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